"Somos o que não jogamos fora" Ítalo Calvino

sábado, 22 de janeiro de 2011

Aos 29 anos

Então eu fiz 29 e continuo sagitariana (apesar de os astrólogos dizerem agora que existe um décimo terceiro signo). Não que essa informação seja relevante, mesmo porque nunca me interessei por essa coisa de signo, astrologia... Nem sei o que significa ser de sagitário!

Alguns amigos me falaram que eu estou entrando no período do "Retorno de Saturno". Só entendi que tem alguma coisa a ver com uma grande mudança que vai acontecer na minha vida - algo como um divisor de águas. Bem, de fato, aconteceu uma coisa que mudou bastante a minha rotina. Mas, cética que sou, prefiro acreditar que foram minhas próprias ações, e não o movimento dos astros, que me trouxeram aonde estou. Fazer 29 não mudou muita coisa além do fato de eu ter ficado mais velha. Mas também é bem provável que a proximidade dos 30 anos tenha me deixado um pouco mais reflexiva e analítica...

Mas o que me importa mesmo, mais do que as mudanças, do que o emprego, do que o casamento cada vez mais próximo, o que me preocupa e me interessa de verdade é cuidar da cabeça, arejar, refrescar os pensamentos. Porque pensamentos envelhecem, amigos. E pensamentos velhos combinam com hábitos endurecidos, que viram preconceitos e aí quando você vê já era: em boa coisa não dá!

Daí que meu projeto para 2011, para viver bem meus 29 anos, é manter a cabeça aberta e os braços também - pra quem vier com o mesmo espírito livre. O mais são pés descalços pisando a areia da praia, mãos dadas com meu amor, trabalho, casa, descanso, flores nos vasos, crianças brincando, mesas de bar com amigos e carinho de família. Só.




domingo, 16 de janeiro de 2011

A Carlos Drummond de Andrade

João Cabral de Melo Neto


Não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.

Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.

Não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais.

Não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.

Não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos.